Perder a si mesmo para encontrar

Novembro

Sexta de noite as sombras sempre pairam no ar

A madrugada é tempo de outra dimensão

Como se o ar se rarefizesse em morfina

Sim, o ar da noite é meu aparelho respirador

Como o cigarro de ponta laranja brilhante

E o whisky da venda da esquina

Todo o dia, toda a maldita semana para isto

E o que é isto?

Tudo! Nada! O que quiser! Liberdade! Tanto faz

O fim de semana é o lugar do caos de meu corpo

Do orgasmo de minha mente

Da estupidez que é tão... gostosa

Como o hálito daquela boca na minha

Ou a lembrança, ou a esperança

Bebo como se fosse morrer amanhã

Pois de que me adianta o amanhã

Se nunca tenho o hoje?

O mundo se esfacela com os contornos de meu rosto

A linha da vida me queima

Mas queima também a brasa em meu peito

Dor ou prazer, eu não me importo

Só quero ser capaz de sentir

De ser o receptáculo do sentir

Pois nada tive antes de viver

E disso ninguém lembra

O quão bom pode ser algo assim?

Não, quero é a vida com todas suas faces

E quando tiver de ir, que a visão de minhas pegadas

Perdidas no horizonte atrás

Me façam rir uma última vez

Ou chorar de antecipada saudade

Que eu apenas seja ainda capaz de sentir alguma coisa

E então esta será minha despedida em oração

Mas por enquanto eu escrevo

E o tempo me atravessa a cada segundo

E é porque o tempo passa que é bom

É a fricção da vida em movimento que acaricia

É a fricção da vida que acaricia

  • Autor: Novembro (Offline Offline)
  • Publicado: 22 de junho de 2024 01:03
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5


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