Sua alfinetada não diz tudo sobre sua tradicional tirania;
Alfinetadas eu arranco e vou fazer um café com biscoitos, enquanto um pouco do meu sangue escorre pela minha fronte;
Dê-me o número que possa me calar assim como fez com meus camaradas;
38, 44, 40...
Menos que isso não vai parar minha língua aflita e maldizente,
Que, como arame farpado, enrosca no pescoço do meu senhor tão bondoso, que esperava por mais uma jornada;
Mas essa cena bela não é a paz que tanto procuro, não me devolve o sono;
Logo, outro que diz representar a família sobe no alto-falante e ri, zomba do nosso quilombo;
Quilombo escondido em meio à praça pública, representado por homens e mulheres cansados e sem coragem para mostrar suas marcas e seus arames farpados;
Todos que se arriscaram, ali mesmo na praça foram alvos:
"Atira", "ele é pecador", diz o homem de bem, e continua: "como podem falar de um senhor de terno"?
Alvejado, o raro corajoso é mandado para a vala, onde mortos são esquecidos, pois não aprenderam que aqui os vivos se calam;
Precisamos que todos morram, e então gritem:
"Veja, vivos! Suas amarras são linhas,
o açoite é a inútil moral;
E a morte uma excomunhão;
De foice e martelo nós os mortos tomamos um microfone, logo todos vivos correram para a Assembleia branca;
Os mortos transformados então serão a única voz."
Por Sandro MS Lino
- Autor: SM Lino ( Offline)
- Publicado: 5 de junho de 2024 09:32
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 6
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