Viagem para outra margem

Lesy Williams



Hoje decidi colocar um basta 
aos infortúnios da prisão.
Trémula e com voz desgasta,
agarrei nas bagagens com precisão.

O meu Espírito pula em magnitude e alegria 
porque reconheci a voz do seu socorro.
Nem tudo o que desejei, foi o que mais queria;
Porem hoje eu sei bem, por quem morro.

Os demónios surgem para sucumbir a vontade;
Eu não vacilo pois reconheço a verdade. 
Há milhões de anos me foi dito,
que o mestre me haveria de acolher com saudade.

Há um frio gélido a percorrer as minhas entranhas,
assim que coloco um pé no barco.
Mas o calor daquele que me recebe
é muito maior do que aquele que me estagna.

A luz é ténue e a noite é fria.
Reúno as forças e até mais do que poderia;
Avistando ao longe a multidão inerte e incapaz.
O Barco a afastar-se lentamente com a maestria.

A escuridão da noite atinge-me em magnitude,
a solidão avassala-me em plenitude;
Olho para trás e não vejo ninguém, 
só mesmo a névoa a cobrir o além.

Felizmente que há uma voz confortante, 
que na turbulência me acalenta;
Mimando-me perante o vento insinuante,
desviando-me das águas fundas e da chuva turbulenta.

Consigo ver o raiar do sol, 
mas parece-me miragem de pouca dura.
O Barco prende-se e rende-se perante a penumbra,
e eu conformo-me com a ignorância que só me afunda.

Um novo passageiro chega de mansinho,
resgata-me da solidão e da lentidão.
Apercebo-me que tudo o que ele mais quer,
é apenas um atalho para o seu caminho.

Felizmente que a Luz Interior 
me vagueia em intensidade,
faz da cegueira um raio de eletricidade
e resolvemos juntos manobrar a vida,
de acordo com as vontades do Senhor.

  • Autor: Lesy Williams (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 3 de junho de 2024 11:55
  • Comentário do autor sobre o poema: Sair fora da zona de conforto...
  • Categoria: Espiritual
  • Visualizações: 0


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