quero devolver seu filho aos seus braços,
oh, Constância!
quero que ele sinta o seu calor, o seu abraço
o seu amor
o seu regaço
o laço de vida que o prende
no instante da eternidade!
Constância, Constância, perdoe a minha ausência
perdoe a minha fragilidade…
a impiedade do tempo a nos separar
só perde mesmo para a impiedade daqueles que
nunca souberam amar
Constância, abrirei uma fenda no universo
dar-te-ei uma história diferente:
nesta realidade do multiverso
suas lágrimas não queimarão com o corpo miúdo
jogado à fogueira
do seu pequeno e amado filho…
oh, não!
nesta canção que entoa em meus olhos
permito a existência de um mundo mais bonito
um mundo sem escravidão
sem escravização
sem separação estúpida!
ah, sua cor, Constância, tão linda, tão bela
neste novo mundo é reverenciada
é aplaudida
é amada
seu filho, querida Constância, chega à idade adulta
é para seu coração um orgulho materno
de maravilhosa conduta
na luta apenas
para sonhos profundos alcançar…
sua casa tem alegria, canto de deusas e deuses seus
tem fé, festa e harmonia
tem vidas a vida onde o amor venceu!
Oh, Constância, preciso olhar sua alma
encostar em sua face
limpar suas lágrimas
porque sei, sinto a minha impotência,
nada mudará a verdade
a dor
o desespero
a raiva
o desejo de vingança
e a sua herança lateja dentro de mim
a sua força
a sua resistência
o seu legado forjado a partir do dia
da terrível agonia
em ver seu filho perecer
numa fornalha de farinha…
oh, Constância de Angola,
as lágrimas hoje são as minhas
pela crueldade residente em corações humanos
tão desumanos
desumanizadores
… se não há chance de estancar a ferida
se não há tempo
se não há vida
é urgente recomeçar:
querida Constância de Angola
vem, deita em meu peito sem demora
ensina meu passo a continuar…
- Autor: noi soul ( Offline)
- Publicado: 31 de maio de 2024 15:01
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3
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