A princesa da Catraca

Rhuan Rousseau

Botei minha cuca para pensar.
Que grande sensação de merda.
Sinto calor, fome e sono, mas não posso dormir
pois meu horário é o das cinco da manhã e saio as quatro.

Nunca tem ninguém na rua.
Nem o sol deu as caras.
Uma pequena ladeira, com asfalto molhado.
Subo, pois preciso do ônibus. 
Eu e meu uniforme fedorento.

Hoje é domingo. A condução pega 
um bando de imbecis que saem das festas.
Gritando e fazendo algazarra.
Os invejo, do fundo de meu coração.
Dou meu reino por aquela garrafa de Vodca.

Ou uma boa chupada daquela menina.

Ela tem cabelos coloridos, está com muita purpurina na cara.
Ela grita e gargalha.
Vi sua calcinha cinza quando pulou a catraca.
Suga a Vodka e penso que poderia ser meu pau.
Em outra dimensão.
Em outra vida.

Caralhos de vida, penso eu.
Pulo do ônibus na minha parada.
Fico nesta cozinha suja, deste hotel imundo
até as quatro da tarde.

Lavarei meus pés sujos na água do mar quando sair.
Mas vou bater uma punheta antes de começar os trabalhos.
Pela princesa da catraca!
O esperma quente escorre entre meus dedos.
Ela seria do tipo que engole ou que cospe?

Não tenho tempo de lavar as mãos.
Só eu saberei do tempero do almoço
destes malditos hospedes
deste maldito domingo.

  • Autor: Rhuan Rousseau (Offline Offline)
  • Publicado: 28 de maio de 2024 15:41
  • Comentário do autor sobre o poema: Não recomendo nada que tenha creme de leite em restaurantes.
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 3


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