Quantos anos vão se passar.
A cada 7 anos, todas nossas moléculas morrem, pele, ossos, cabelo, tudo se desfaz e renasce
Eu ainda penso naquele sentimento
Ele ainda repousa em meu coração, ainda ecoa em minha mente
Suas palavras foram para mim como facas
Algo em mim gosta da solidão, gosta do medo, anseio a morte, algo em mim está quebrado, partido em cacos
E eu posso passar anos e anos remontando e moldando um coração pulsante vermelho
Mas a poeira dos cacos é cinza, é fria
Escrevo quanto a tristeza aponta
Quando o estômago dói e a pupila dilata
Escrevo quando estou bêdado ou sedado
Anestesiado a dor
Escrevo como me sinto
Escrevo quando a fome aperta
A fome -aquela que não é física e sim psíquica- me corroe aos poucos, me levando a insanidade,
Ou talvez me trazendo de volta a ela
Eu me deterioro como uma cruz de uma vítima de acidente em meio a uma rodovia
Ou talvez como uma lápide de um velho andarilho
Eu me propus melhorar
Colocar o passado em uma caixinha
E ser alguém que eu teria orgulho de ser quando criança
Mas eu fui egoísta
Eu enforquei aquela criança até ver meu reflexo em seus olhos verdes
E me senti mal enquanto fazia isso
Não sou um sádico, enterrar meu passado significa pra mim o fim de uma dor que me pertence
Nem os mais fortes remédios nem as mais longas conversas com psicólogos e psiquiatras irão me dar o direto de abandonar minha cruz
Isso faz parte de mim
É o que eu sou
Foi meu motivo de acordar e dormir
De escrever e chorar
De fumar e beber
Meu motivo pra odiar a vida
Eu sou ridículo
- Autor: pesbvef ( Offline)
- Publicado: 23 de maio de 2024 14:55
- Categoria: Triste
- Visualizações: 5
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