decidido

Encontrei uma carta ao pé de uma árvore escondida no meio da mata na fazenda de meu avô 

Estava velha e levemente úmida 

Parecia estar a alguns dias escondida, e me impressionou a grafia e a cautela que seu escritor teve ao escreve-la 

Contava uma história de vida de alguém que sofreu muito com o passar dos anos 

Peguei-a e me escorei na árvore para ler

Acendi um cigarro.

"Para aquele que sempre almejou a grandeza e o poder, teu maior mal foi alcança-lo."

Ei de entregar os resquícios de minha alma melancólica aos pobres vermes que satisfatoriamente irão roer minha carne podre e fetida pendurada em um tronco de árvore que está a centenas de anos aqui.

Nasci e cresci deslocado, flutuando entre diferentes personalidades e modos vida, pisei em todos os cantos dessa terra, eu fiz todas as coisas que alguem poderia fazer. Sem sair do meu quarto, pensei por dias e dias.

Quanto mais tento, mais boçal e mundano o cotidiano me parece.

Fui uma semente podre plantada em solo asqueroso e regado com a dúvida e com a melancolia.

Nunca fui verdadeiramente triste, parecia algo muito inferior a mim embates como a comédia e a tragédia, bem e mal.

O melhor que eu poderia fazer seria dar um fim digno a minha pessoa.

Enquanto aves comem meus olhos e ratos usam minhas entranhas como abrigo

serei o melhor que posso ser.

Enxergue além do comum.

Evolua como espécime ao enxergar que é um mundo de tolos."

Ele não colocou seu nome 

E não encontrei nenhum vestígio seu ali

Embora uma corda amarrada em uma galha baixa, em formato de forca deixassem claro o que iria ser feito ali.

Talvez tivesse desistido, ou talvez nunca tivesse planejado mesmo se matar.

Sua letra era extremamente parecida com a minha, e me lembrei dos pequenos surtos e complexos de deus que tive durante os anos.

Existem lapsos na memória de certos momentos de minha vida.

Não estou sozinho em pensamento 

Existe um belo escritor, com um ego inabalável e com o dom de odiar o mundo como ninguém.

Ele se alimenta do meu medo.

Sai às sextas anoite para colecionar histórias

Não sei se ele vê o que eu vejo

Quando ele toma conta do meu corpo, sou feliz

amo mais 

Erro mais

Me machuco mais

Nas não é justo com ele deixá-lo sofrer

Escreveu essa carta para mim.

E eu evitei com que conclui -se seu desejo 

Ele irá tomar total controle da melancolia algum dia 

Já não me lembro de grande parte dos meus dias.

É tudo ele.

Lindos olhos claros que enxergam o horizonte de eventos, tornar-te poesia e melancolia ao presenciar o céu estrelado e a vasta imensidão do mundo contemplando sua insignificância ante o mesmo. Pegue em minha mão e desbrave o conhecimento do além-vida para que façamos nossa escrita atingir um outro nível nunca antes imaginável. Tiraremos algumas lágrimas de parentes e amigos, seremos lembrados por uma semana ou duas.

Mas no fim, terá valido a pena ao sentarmos ao lado de deus e catalogarmos sua trajetória em forma harmônica e objetiva.