Um dia após o outro assim estou vivendo, cada vez ouvindo menos minha voz e ouvindo o som do silêncio, mais um dia que os carros não buzinam com o engarrafamento, mais um dia em que as mães não acordam seus filhos para ir a escola , mais um dia em que eu não vou a escola. Me diga o que fazer, o que devo escrever ou rabiscar, me diga como dormir sem ter pesadelos com o silêncio que dói mais do que o som estridente, me diga como ir para fora e não temer a volta porque não se sabe o que carrega dentro de si, me diga como me conhecer e como proteger a quem amo mesmo não sabendo qual o inimigo e de onde ele está me atacando. O silêncio ainda é a resposta, a escuridão do quarto que antes trazia a solidão me traz refúgio ,os fones de ouvido me levam a um mundo que eu quero que exista, as ilusões das músicas acalmam o ritmo do meu coração que honestamente não está tão bom. Eu tenho vivido assim. Esperando o dia raiar e com ele a luz de esperança, eu tenho esperado que a luz da lua me mostre o caminho mesmo na escuridão , que o espelho reflita em mim o que há de melhor e não meus defeitos , que a porta do quarto esteja aberta para a luz e fechada para as trevas , eu tenho vivido assim.
Mais uma vez me diga como sobreviver a tantas inseguranças, tantos medos, tantas lutas eu só escuto o silêncio tão agonizante que posso ouvir o som da minha respiração que lentamente se faz pesada não pela poluição do mundo mas pela poluição da minha própria mente que me dominou e me fez cético a várias coisas , essa mesma respiração lenta me faz perceber que ela ainda não parou e que sempre há um momento pra se responder as perguntas mas esse momento ainda não chegou. Estou vivendo assim, esperando que o vento leve tudo o que ainda não levou e que me traga todas as respostas que ainda não encontrei.