E nos meus colapsos nervosos, onde tento me esconder de mim mesmo, vejo que, ao me encontrar detido em um calabouço de mensagens sem fim, me vejo delirando e dedilhando fatos sem nexo. Não consigo chegar a nenhum lugar, a não ser dentro do meu próprio casulo, onde estão me acompanhando as traças e baratas. Preciso fazer uma limpeza antes que as poeiras me cubram de palavras, e antes que eu não consiga mais usufruir das mesmas escritas.

 

Na solidão, busco me resguardar das coisas que me fazem chorar, mas logo ali, vejo um porta-retrato, vazio mas cheio de amor que um dia morou ali, naquele recinto. Agora encontra-se empoeirado e cheio de saudades. Apesar da dor do fim, ele guarda segredos entre quatro madeiras e também refletiu vários sorrisos vazios que um dia me trouxeram verdades ao meu interior e mentiras por não estarem mais com os mesmos personagens daquela época.

 

No passar do tempo e das horas, vejo que tudo o que vivemos foram meras expectativas frustradas de um relacionamento que nunca existiu. Passamos pouco tempo saboreando as coisas da vida e perdemos todo o tempo com pessoas que só querem um momento a mais comigo. Sempre abrindo o coração para aqueles que não têm coração, saímos dementes e sem noção dos casos em que um sofre mais que o outro. Nas horas do travesseiro molhado, sentimos no âmago da alma as dores deixadas encravadas no peito do amador.

 

Vagamos sem sentido e nos sentindo belos por fora, sem nenhuma fratura exposta. Risos e abraços soltos ao vento, desejos ardentes dando sopa para tomar sopa. Mas às vezes, por dentro, sentimos a podridão de um coração cheio de lixos que os outros deixaram, e nos deixamos ser contaminados por excrementos peculiares de seres não mais existentes em nossos interiores. Assim, todas as nossas perspectivas de resistências são abatidas por falhas não propositadas e nem desejáveis que possamos assumir.

 

Seguindo nas colocações das palavras, eu não sei escrever, apenas me uso de vontades para expor ou repor aquilo que nunca consegui falar no ouvido de alguém. Mas eu continuo a lecionar coisas que busco nas vertentes virtuais, fazendo assim, escrever o que vem de dentro para fora. Se está certo, eu não sei, mas que gosto de escrever, isso eu não tenho dúvidas. É como se eu fosse morrer amanhã, e hoje eu tivesse a chance de deixar tudo anotado aqui, sabendo também que ninguém vai ler tudo isso.

 

O coração reage a cada ato, a cada cena, e suporta a cada queda e a cada esquema que os outros seres nos convidam para sobrevoar nos cenários amorosos e enfraquecidos pela falta de amor. Por falta de amar aqueles que se dispõem de tudo para ser o desejo do ser amado, ao se entregar por inteiro, ainda não conseguimos sentir nem suportar um amor verdadeiro de um coração apaixonado, que se desarma para ser alimentado por corvos e serpentes.

 

A solidão nos leva a lugares lindos, mais com o rosto coberto de lágrimas, e até mesmo, elas nos deixam rastros no chão que servem como caminho para voltar de onde partimos. Nesse retorno, sempre tem alguns que nos ajudam a subir para o próximo degrau do ponto de partida. É por esses motivos que aqueles que nos guardam sempre se acoplam em nossas vidas e nos mantêm vivos ou, pelo menos, respirando um ar puro, mas não nos deixam sozinhos pelos caminhos dos prantos plantados no chão.

 

E mais um ponto final "reticenciado" (ainda nem sei se existe no vocabulário).