Acordo e sinto, penso e quero a possibilidade contrária do não seguir. Mas sigo. E sinto, um enjoo e cansaço de tudo. Durmo de novo. Espero a ordem sem o novo. Levanto. O cérebro se reorganiza. Os meus olhos secos pedem por umidade. Penso. Estou com consciência do que penso. Tão rápido, logo tão cedo. O íntimo do meu eu implora para ser diferente. Não o obedeço. Sigo. As sensações me preenchem e me absorvem. Absorvo-me de mim. Sinto-me comum. Demasiadamente. Uma sensação amorfa. Lubrifico os meus olhos, mas ainda parecem tão secos. Enxergo secamente agora. Sinto-me fria e enjoada. Uma náusea que me deixa tonta por dentro. A existência foge do meu controle, esvaindo: enquanto sou. Aquela náusea outra vez. Preciso agarrar-me a um tanto para sair dela. Preciso dela. Sinto a humanidade minha. Observo os meus dedos, retos e longos. Mexo-os. Vislumbro a protuberância dos tendões: dou-me conta de que sou matéria. Sinto a pressão dissolutória. A naupatia holística. Afunda-me. Afinca-me. Algo me impede de seguir a minha natureza desprezível. E volto para o ser: nada. E, afigura-se que o ser puxa-me para o meu pior.
- Autor: Mariizans. (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 23 de abril de 2024 14:05
- Comentário do autor sobre o poema: Prosa poética.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3
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