Evando Souza Argôlo Júnior

O que vive em mim

Muitas músicas ainda me lembram você
Muitos lugares ainda me trazem memórias sobre ti
Vez ou outra sinto teu perfume exalado no vento
O pior é que já tenho o que preciso para te esquecer 

Parece ter esgotado as palavras 
Não me restam atitudes 
É uma guerra perdida
Perdi para mim mesmo

Não há esperança
Nem como confiar no destino
O milagre não será meu
Nem eu serei seu

Ainda te vejo com apreço
Todo respeito e admiração que cabe em mim
Sei da sua singularidade que despertou-me este imortal sentimento

Te dediquei tantas canções
Te escrevi coisas que você nem viu
Te comprei coisas que não entreguei
Te coloquei em orações que só Deus ouviu

Há razões que explicam
Emoções que cegam
Ações que determinam 

Volta e meia sonho contigo
Sonhos lúcidos e intermináveis
Sonhos lindos que estou perto de ti
Acordar dilacera a alma

Poucas vezes a vi depois daquele dia
Receio sermos estranhos que se conhecem
Te amei à moda antiga
Uma pena ter amado sozinho

Escolhi enfrentar minha realidade na lucidez
Nem uma dose para afogar meus ressentimentos
Não posso fugir do que sinto
Nem permitir que a química das substâncias assombrem minha existência

Em contrapartida, eis me aqui
Desferindo palavras 
Esculpindo versos
Só me restou a arte

Desejo que esteja brilhando
Tal qual estava quando a vi pela primeira vez
Refletindo os raios de sol
Iluminando o meu ser e acedendo o sentir 

Espero que não se esqueça de mim
Ou pelo menos se lembre de algo que fiz

Comentários1

  • Amor iludido

    Lindamente triste...

    • Evando Souza Argôlo Júnior

      A tristeza sempre há de carregar uma beleza aos olhos atentos!
      Obrigado pelo comentário! Abraços!



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