Ele possuía a capacidade de parecer e não ser. Porque o ser lhe era escasso. E fingia. E cansava-se de fingir. E tentava ser. E fingia sendo ser. O ser lhe era fingido. O ser era o seu fingir. Ou o fingir o seu ser. E não sabia se fingia ou se era. De tanto fingir. Enganou-se. E a autoconsciência escapava-lhe. E o pensamento lhe fugia. E fingia pensar. Porque o pensar não fazia–se ser. E não era pensar, era o não-pensar. Era a irreflexão. Era a absorção. Era o não entendimento. E o vazio era. E a mimese instalava-se. O nada que era. Nada era. Nada. Acabava-se sendo na ânsia de ser. Então, era. Mas, a fagulha cognoscível apontava a verdade do não ser para si. Então, a melancolia lhe dominava. E, ela era para si um câncer que lhe consumia e o fazia lembrar a fraqueza da sua inatividade autêntica do não ser. Era a particularidade do ser, que deveria ser, que lhe era hemiplégica.
- Autor: Mariizans. (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 21 de abril de 2024 10:18
- Comentário do autor sobre o poema: Conto. Seria se fosse, então; em último grau, limitante: um sufoco.
- Categoria: Conto
- Visualizações: 11
Comentários2
SERGIO NEVES - ...menina,...17 anos? ...eu, com toda a certeza, quando dessa minha antiga tenra idade não era assim não...,...não tinha toda essa sensibilidade, toda essa "visão" literária /intelectual/filosófica, toda essa perspicácia que aqui tu demonstras ter (em verdade, essa completude toda ainda não tenho)...,...não estás a fingir não, né? ...és assim mesmo?! ...é, acho que és, sim,...ninguém pode fingir com tanta grandeza... // ...um escrito com um "tonzinho" de "rebeldia" mas com uma profundidade no desenvolvimento da "idéia" de se admirar...,...continues verdadeiramente assim sendo...,...uma literata e tanto! /// Meu carinho, menina, e muito bem vinda!
Agradeço pelo incentivo e carinho, Sergio!
Simplesmente amei!!!
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