Onde encontrar?
Como adquirir?
É algo que se vê?
Algo que se sente?
 
Por que eu não enxergo?
O que há de errado?
Será que é com o tempo?
Ou eu sou o problema?
 
E tantos se inspiram
Me usam de exemplo
Pegam minha manias
Por que só eu não vejo?
 
Como abrir meus olhos?
 Eu sou tão previsível, eu
sou transparente, nada que
sai de mim é algo original
 
Como haver essência
Em alguém como eu, que
viveu tanto tempo nas
sombras de outro alguém
 
Não soube ser si mesma
Talvez ainda não saiba
Onde não há amor
Talvez não há essência
 
Eu digo do “amor próprio”
Que exalo por aí, mas
a verdade é, que eu
sou uma grande farsa
 
Ajudo as mulheres
A conquistarem o seu
Mas fora disso tudo
Eu não sei me amar
 
Eu sou a referência
Para as que ajudei
Todas mal sabem que
eu sou um fracasso
 
Perdida em meus defeitos
Me rondam pensamentos
Reflito em segredos
Guardados na minha mente
 
 
Pois quem eu sou agora
Não é mais quem eu fui
Ontem, e muito menos
Quem eu era há uns
Bons anos atrás
 
É só disso que sei
Pois não me defini
Não me fiz essência
Não me encontrei
 
Só me fiz palavras
Que formam esses versos
Que montam as estrofes
Que geram um poema
 
Talvez está na música
Da banda preferida
Na sua melodia
Ou no meu coração
 
O que faz de mim “eu”?
O que me faz essência?
São pequenos gestos?
São os meus poemas?
 
É talvez no olhar de
estar tão completa
(mente) perdida
Dentro de si mesma


Se eu me olhar de fora
O que vou enxergar?
Alguém que desconheço?
Alguém que eu possa amar?
 
Talvez a resposta esteja
Em minha frente, passou
Despercebida por ser
Tao nitidamente óbvio
 

E esse tempo todo, eu
procurando em outros
o que esteve aqui,
Sempre junto comigo
 

Esteve junto à mim
Quando mais precisei
Sempre à disposição
Durante tanto tempo
 
Tempo que seguiu
Passado e presente
E ela se fez em mim
E eu me refiz nela
 
Tornamo-nos uma
só; uma única e
Singular pessoa
Uma sempre e
original poesia
 
E nela eu me
reencontrei
E dela eu me
fiz essência