Você disse para mim que nunca te dei certa atenção, que não sabia responder aos seus sentimentos. Você me pediu um tempo... mas, um tempo?

Eu te dei 4 anos. Eu te dei uma filha e uma família. Eu te dei amor, suporte, toda atenção que estava ao meu alcance. E no final, eu não fiz nada? Você disse inúmeras coisas que não fazem sentido para mim, e quando tento resolver tudo, você age com desinteresse e nem corresponde. E no final... a culpada sempre serei eu.

Mas sou eu que escuto o choro de uma bebê de dois anos quase todas as noites chamando pelo 'pai'. Me pergunto quando ela vai te esquecer. Espero que logo, pois aparentemente você já a esqueceu. Não pergunta sobre ela e nem manda a ajuda necessária.

Sou eu que a educo, e sempre fiz isso sozinha, pois para você tudo se resolvia em gritos e brincadeiras, petelecos que a deixavam roxa...

Sou eu que a ensinei a andar. Eu que fiquei todas as noites acordada quando ela nasceu, chorando para você me ajudar, e você sempre dormia, tranquilo, como se nada tivesse acontecido. Eu que perdi minha vida, meus amigos e alguns parentes para poder ficar ao seu lado. Eu que perdi oportunidades. Eu que tirei você do zero. Eu que te incentivava a cada trabalho seu. Eu que fiquei do seu lado em cada perrengue. Eu que passava fome com você. Eu. Eu. Eu. Eu. Tudo eu, sempre eu, para no final, também sair como culpada...

Eu dediquei 4 anos para tirar você do fundo do poço e te colocar nos céus, para no final, ficar sozinha no inferno.