Chovia,
E como chovia,
Mas ela nem percebia,
Com um sorriso demente,
Fingindo que não sabia,
Saltitava indiferente,
Assustada com a mão na boca,
Com um ar inocente de louca,
Presa de seus sonhos e fantasias,
Em um braço trazia um ramalhete,
Branca de Neve cantando em falsete,
Deslumbrada e surpresa,
Consciente de sua própria beleza,
Importunava toda a floresta,
Com um barulho ensurdecedor,
Para ela tudo era festa,
Mesmo avisada que a festa acabou,
Com um ar infantil de santidade,
Se acreditando em eterna virgindade,
Casta, perfeita e sem sabor,
Poderia até ser uma linda gata,
Mas é chata, chata e muito chata,
Nunca sabe se pode, mas empata,
Perseguindo coelhos e passarinhos,
Com a intenção de feliciantes carinhos,
Pondo todos em desesperada fuga,
Até mesmo a lenta tartaruga,
Fugia na companhia do caracol,
Alheia a realidade ao seu redor,
Onde para ela tudo era alegria,
Cabelo arrumado na ventania,
Não sabe onde perdeu o simancol,
É porre de noite, é chata de dia,
Todo esse encanto é puro tédio,
Talvez um segredo da farmacologia,
Esqueceu a receita e a posologia,
E dobrou a dose do remédio...
- Autor: Vênus (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 7 de julho de 2020 13:23
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 12
Comentários2
Bela composição, tendo uma carga interpretativa solenemente bem colocada. Parabéns, belo trabalho.
Obrigado
Marçal,
Belo poema, eu gostei muito. Sobre as princesas virgens e chatas, tenho lá meus receios de como receberão.
Abraços
Quem sabe rs?Obrigado
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