impermanência

noi soul

Vou tomar um banho morno
fechar os olhos e deixar a água escorrer
sentir o deslizar das gotas em cada poro
surfar na pele todo o seu prazer
mineral sente?
De onde ela vem
para onde ela vai?
– água – 
Sinto-me como uma ponte que 
liga dois mundos desconhecidos
inclusive por mim
a água cai do chuveiro
desce o ralo
conheceu meu gosto e 
levou partes minhas consigo
… para onde fui?
Quem conhecerei noutras margens
noutras nascentes
voltarei a visitar meu corpo
noutro momento do tempo-espaço?
Não importa!
Serei outra
serei nova
porque, mesmo que ela me visite amanhã,
já não serei a mesma
já não serei eu mesma
sou apenas o que estou
todo o resto são pedras engessadas 
fundidas ao equivocado pensamento da
pueril permanência.

  • Autor: noi soul (Offline Offline)
  • Publicado: 29 de março de 2024 13:26
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 1
Comentários +

Comentários1

  • Maria dorta

    Poema com alta voltagem em Filosofia humana. Nada somos e pensamos,ilusoriamente,ser tudo. Basta a picada de um mosquito e puff a vida se esvai. Bom talento poético. Aplausos!



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.