NAU DESPEDAÇADA EM ÁGUAS ATRAÍDAS

NAU DESPEDAÇADA EM ÁGUAS ATRAÍDAS 

Tenho qualidades, tenho mil defeitos
E te amo assim com tanta imperfeição
Talvez em demasia defenda seus direitos
Dizendo que estremeço a nossa relação
E de mim exiges ser homem perfeito 

Coisas de rotina, brigas de bobagem
Vejo abalar as nossas emoções
Conto até dez, refaço a contagem
Se me acho certo passo-te a vantagem
Pra reconquistá-la entre mil perdões 

Como livro aberto lestes minha vida
Desde a infância até a mocidade
Entre assertivas, coisas descabidas
Entre um sorrir e lágrimas contidas
Fiz-me de talento e dificuldades 

É-me teu abraço, borbotões de afago
Um rio caldaloso, a luz do teu olhar
Teu doce sorriso, o encantado lago
Teu corpo sereno, onde m'embriago
Cachoeira e mar, do meu desvelar 

Certo como a rima da minha poesia
Nunca conflitei rol de acusações
Assumir os erros ao findar do dia
Pra não sermos sós nas noites vazias
E acreditar que haja soluções 

Amor é um cristal. Quebra em pedaços
Não aceita cola pra se reajuntar
Nasce dum olhar, clama seu espaço
Sofre no orgulho, morre no fracasso
Não se pode, sempre, razão pleitear 

Coisas de rotina, coisas descabidas
Nunca sobrepujam a maturidade
Nau despedaçada em águas atraidas
Há de nautragar ilusões perdidas
Se esse cristal acarar a tempestade

        * Elfrans Silva