Carlos Lucena

AQUELA

AQUELA

Eu sou aquela a quem o tempo
Deu formas e cores
Me deu amores
Me ensinou que nem tudo é flores
Porque em mim também plantaram dores.
Eu sou aquela a que me solicitaram vidas
Me puseram dúvidas
Mas eu mesma fiz minhas  saídas.
Sou aquela feita de sonhos
Porém me construí em realidades
Briguei com as mentiras
E lutei com as verdades.
Sou aquela a quem os rótulos foram -me impostos
Porém quebrei todos os espelhos 
Destruí todas algemas
E não fiz feridas nos joelhos.
Eu sou aquela a quem disseram -me que não posso
A quem com vendas e mordaças até os sussurros foram-me depostos
Mas a minha coragem deu-me a resposta.
Eu sou aquela 
A quem só  o útero me é recomendável 
E os ovários belo depósito
Mas  não esqueça que sou todo um ser inexplorável
E que em mim não vive um ser inóspito.
E na mesma bela que sou
Há  uma fera
Uma fera que se formou.
Eu sou aquela 
Que muito tempo andou perdida
Que deram-me um estigma de costela
Para fazer-me de vencida.
E disserem-me que sou como flores
Delicada, enternecida
Mas eu descobri o que não dissera-me 
Que eu sou do mar
Que eu sou da noite e sou da lua
Que eu sou do lar 
E sou da rua
Que eu sou mais minha do que sua.

  • Autor: Carlos (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 9 de Março de 2024 14:02
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 2


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