espero um dia me cansar. não sei exatamente de que, mas espero cansar ou arrumar uma solução. um dia vou mesmo cansar de chorar no chão do quarto dos meus pais enquanto eles estão em uma reunião do restaurante. me olho no espelho enquanto escrevo em meio as lagrimas, o panico e a dor que sinto no meu coração (de um jeito figurado, mas dói como se fosse físico). um dia vou me cansar; das duas, uma: 1. vou cansar de pensar de mais e começar a parar de me importar para o meu próprio bem, pra não levantar freneticamente da cama e sair andando rápido pela casa enquanto choro e agonizo e voz alta enquanto seguro meu cabelo até ter que ir até o banheiro para vomitar toda minha agonia. 2. vou me cansar de você descontar seu estresse em mim, não de forma agressiva, mas com um tipo de silêncio que não é tão quieto. um silêncio que me deixa insegura achando que você se cansou e enjoou de mim, mesmo que esse desconto aconteça umas duas vezes na semana e você sempre se mostra carinhoso e dá um jeito de dizer ou mostrar que me ama e que realmente era só estresse.
nem sei quem é o errado na situação. faz quase seis meses que - não me lembro exatamente em qual momento - meu subconsciente decidiu que, se eu demonstrar demais que gosto de ti, você vai se cansar. e acho que é isso que te deixa desanimado quanto a mim as vezes e talvez seja isso que te faça demonstrar menos ou medir as doses de carinho comigo, quando fui amorosa e me entreguei a alguém (no caso, o “você” de cinco meses atrás, que não considero a mesma pessoa, pois seria injusto após dizer que perdoei seus erros passados como tu perdoou os meus) acabei levando um baque. eu te perdoei, sim, mas as sequelas me afetam e te afetam até hoje e não vão embora da noite para o dia. eu ainda lembro como eu me despedaçava quando colocava uma playlist no aleatório e tocava alguma música do folklore. literalmente qualquer uma. eu sempre dava um jeito de encaixar a situação e poder sofrer mais, me esgotar, me desbotar até ficar anestesiada, mas nunca funcionou. eu achava que tentar espremer tudo que eu estava sentindo e expressar no físico faria, de algum jeito, aquilo ir embora. mas não fez. Não choro mais por causa disso, mas choro quando você me manda sua localização quando vai pra academia e não diz nada, choro quando me manda alguma mensagem e nem sequer me chama de amor. essas lágrimas só aconteceram por setembro. e agora, do meu lado, meu celular acendeu e eu senti meu corpo queimar achando que era notificação sua. era só uma promoção. me sinto mal de falar assim sobre você. eu não sei nada sobre o amor. não sei se deveria doer, não sei se é culpa sua ou se é culpa minha. eu nunca conheci o amor, desde a infância me pergunto como funciona isso. há seis meses, eu dei meu jeito de te amar como pensei que deveria ser, mas depois dos danos, eu perdi as minhas habilidades naturais de como amar alguém. é engraçado como eu consegui te amar, e ainda te amo, claro, mas parece que desaprendi a mostrar que te amo. não sei se amor vem com a realidade de ficar com raiva de você quando você diz, faz ou demonstra algo errado. com certeza o amor vem com a bagagem de saber quando estamos errados. será que a gente só briga e se magoa por que a gente se ama? será que se não nos amassemos, nós não nos importaríamos com as queixas um do outro? eu não conheço o amor, mas te conheço o suficiente pra saber que quando eu “acordar” da soneca que disse que ia tirar enquanto você fosse pra academia, vou dizer que escrevi hoje a tarde quando você estava estudando e você vai pedir pra ler, porque me conhece o suficiente pra saber que só escrevo quando tem algo de errado, eu tento arranjar uma desculpa pra não te mostrar esse desabafo e talvez isso acabe em briga. será que conhecermos um ao outro é consequência do amor ou da falta de conhecimento sobre ele?
- Autor: notlivia ( Offline)
- Publicado: 26 de fevereiro de 2024 20:29
- Categoria: Triste
- Visualizações: 6
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