Aviso de ausência de Santiago
YES
YES
Vivo no lusco-fusco da sombra da noite, cometo a indulgência da meia-noite,
prego ao vulto que me julga no lugar de mim mesmo e
carrego esse peso no seio do átrio do pecado.
Vivo sem ré nem remos, sem lograr ou refletir aquele que será o meu testemunho.
Sozinho penso, sonho como, acompanhado apenas de um pensamento ensurdecedor.
Sozinho sofro, sozinho me condeno, sozinho vivo o desespero pela espera desse dia redentor.
Condeno a pessoa que não fui e aquela que serei.
Julgo cada ação com despeito à inação das minhas atitudes, reflexos dessa pequenez amiúde.
Cada pulo de felicidade é uma gota nesse mar de angústias, rescaldo das vivências neste lugar desnudo.
Serei eu aquele que anseia pelo barqueiro?
Ou antes, uma cara que esconde o que o número da besta espelha?
Vivendo cada sopro no sufoco de mais um dia?

Offline)
Comentários1
Um poesia forte!! Num linguajar apropriado, para uma poesia com imagens apocalíptica.
Abraços!
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