Por entre as engrenagens mentirosas,
Esgueira-se o verme,
Cuja coluna; cujo intestino; cuja mente é moída pelas dentições lustrosas.
Pobre verme, preso no mar de aço, sem bote e sem leme.
O verme, já farto de tanto desgaste, questiona à imensidão metálica:
— Por que me tortura? Por que não me deixa fugir?
O Infinito, em tom soberbo, replica:
— Mas não se pode fugir, verme.
Afinal, para onde iria?
Não sabe que eu permeio do mais fundo vale até o mais alto cume?
Por que não aceita ser um verme? Por que não aceita ser estilhaçado pelo metal? Por que não dança durante a gritaria?
O desgraçado verme, tão pequeno, lamenta-se em gritos raivosos de ira.
Entretanto, não se pode perder muito tempo, pois as pontiagudas engrenagens querem ver os vermes caminharem.
Portanto, com seus olhos cansados, o coitado continua sua jornada, afinal, não há espaço pra fúria;
Não há espaço pra chorar; não há espaço pra questionar. Apenas deixe elas você rasgarem.
- Autor: Bingus McBongus ( Offline)
- Publicado: 18 de fevereiro de 2024 21:24
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 5
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