Vida de Vidro

Jose Kappel

 

 

Olhando de lado
a gente percebe.
Olhando de frente,
também.

Não olhando, você,
de permeio, sente mais
ainda e se repete.

É porque de fora
virou pra dentro.
Que posso fazer
que tudo se embutiu?
Como se fosse tudo bem
empacotado.

Vida de dois
sós.

Pó com emenda
de vazios.

Chegadas e partidas
me dominam sem chegar.
Estação dos vazios?
Quem me parte?
Aquele que me olha?


Me pegaram - na minha hora -
e misturaram tudo dentro
do nada.

Na caixa vazia restou
eu e a escuridão.
Breu tem nome,
o assunto é dos escuros
tempos que foram
navegar
pro além dos nadas,
e onde só servem pão!


Então virei caixa de
chutar - sem ao
menos ser de vidro,
sem ao mesnos poder
fazer um pedido.

Ah! se eu pudesse,
eu largaria minha voz
meio atroz,
e soltaria a angústia:
-Me tirem desta caixa
de vazios, sem sol e em
lua.

Sem você,
sem lembranças
de seus abraços,
de um quentura atroz!

Simples  :um dia, descobri que era feito de vidro e morava, sem amor, nos brilhantes estilhaços.

 

  • Autor: Jose Kappel (Offline Offline)
  • Publicado: 13 de fevereiro de 2024 03:47
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 9


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