Sou parte da metade,
meio inteiro por partes,
sou andarilho corriqueiro
mas não sou de carregar bandeiras.
Se arde, coloco a cura.
Se perco, chamo pelo devasso.
Se caminha puro é relevado.
Mas olha pra trás pra descobrir
o que não vem.
Se é floresta tem sombra,
se é deserto, procuro a adega
dos mosteiros que pendem
aos ilhéus.
Se é pendular, fica convexo.
Nada mais atrai. Nem a atenção
dos senhores da terra e
das senhoras com outros caminhos.
Cura tem. é só sair de si mesmo,
voando igual bala sem jaça.
Cura tem, mas preciso é se sujeitar
ao princípio da coisa:
ser portátil e não ser volátil,
ter condizente e alar de parafina
os alados !
Se dói, dói na carne,
carne feita de ardida para
machucar.
Se não sente o pão,
não sente a vida,
se é arguto,
passeia com azedos
roliços e amargos da vida.
Se tudo é assim
parto do princípio
que a coisa começa
devagarinho
e vai matando enquanto
você ainda procura
dentro si mesmo -
o andarilho,
o vagante.
A próxima dor é minha:
do andarilho que espera
um dia, um dia só,
ser o que nunca foi
e sonhar amargo pelo
que tentou ser.
- Autor: Jose Kappel ( Offline)
- Publicado: 5 de fevereiro de 2024 07:12
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 2
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.