Evaldo Pereira!

PRENOÇÃO

Da janela do meu quarto vejo uma senhora passando pela rua.

 

A imagino apressada, indo ao mercado,  com as moedas que conseguiu juntar, comprar uma mistura para o almoço.

 

Vejo também uma jovem mulher andando tão tranquila que parecia contar os próprios passos. 

 

A imagino serena, sem qualquer preocupação em ajudar ou ser ajudada.

 

Vejo ainda um rapaz sentado numa calçada,  com a mão na testa, expressando preocupação. 

 

O imagino tenso, intrigado por ter perdido o ônibus e a entrevista de emprego que ele tanto precisava.

 

Vejo do outro lado da rua um grupo de pessoas alegres e sorridentes,  às vezes,  entre uma fala e outra,  muitas gargalhadas.

 

Os imagino sem ter o que fazer, falando de outras pessoas e se alegrando com a infelicidade alheia. 

 

Vejo um moço bigodudo,  camisa ao ombro, boné, bermuda jeans e cigarro na boca, expressão séria. 

 

Imagino que espancou a mulher, saiu para a rua querendo aliviar toda tensão, exalando seu péssimo humor acompanhado por sua raiva.

 

Vejo um bom homem,  sorrindo, acenando para as criancinhas e distribuindo balas.

 

O imagino como malfeitor,  abusador que está agradando as crianças para atraí-las.

 

Vejo muitas coisas e imagino também.  Engraçado é que pessoas que sequer sabem quem sou podem ser quem eu quero, apenas da janela do meu quarto. 

  • Autor: Evaldo Pereira! (Offline Offline)
  • Publicado: 2 de Fevereiro de 2024 16:46
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 8

Comentários1

  • Mariany A.N Dutra

    Uma baita reflexão sobre o ato de julgar!

    Muito bem construída a poesia!
    Abraço!



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