Da janela do meu quarto vejo uma senhora passando pela rua.
A imagino apressada, indo ao mercado, com as moedas que conseguiu juntar, comprar uma mistura para o almoço.
Vejo também uma jovem mulher andando tão tranquila que parecia contar os próprios passos.
A imagino serena, sem qualquer preocupação em ajudar ou ser ajudada.
Vejo ainda um rapaz sentado numa calçada, com a mão na testa, expressando preocupação.
O imagino tenso, intrigado por ter perdido o ônibus e a entrevista de emprego que ele tanto precisava.
Vejo do outro lado da rua um grupo de pessoas alegres e sorridentes, às vezes, entre uma fala e outra, muitas gargalhadas.
Os imagino sem ter o que fazer, falando de outras pessoas e se alegrando com a infelicidade alheia.
Vejo um moço bigodudo, camisa ao ombro, boné, bermuda jeans e cigarro na boca, expressão séria.
Imagino que espancou a mulher, saiu para a rua querendo aliviar toda tensão, exalando seu péssimo humor acompanhado por sua raiva.
Vejo um bom homem, sorrindo, acenando para as criancinhas e distribuindo balas.
O imagino como malfeitor, abusador que está agradando as crianças para atraí-las.
Vejo muitas coisas e imagino também. Engraçado é que pessoas que sequer sabem quem sou podem ser quem eu quero, apenas da janela do meu quarto.
- Autor: Evaldo Pereira! ( Offline)
- Publicado: 2 de fevereiro de 2024 16:46
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 10
Comentários1
Uma baita reflexão sobre o ato de julgar!
Muito bem construída a poesia!
Abraço!
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