Aparo de Vento

De ponta à ponta,

sem cordas

ou ondas,

fico calado

no meio de

tanta multidão.

O que tenho a

dizer, eles

já sabem;

o que tenho de

ouvir,

já aprendi.

Dizer pra ela é de pouco aprendizado,

pois ela trabalha

 costurando sonhos,

e eu aparo ventos desta  paixão,

ainda sem  nome.

Pior pra nós dois:

eu não sei quem ela é,

e ela não sabe quem eu sou !

É minha esperança:

que minha sombra

um dia,

sem aborrecimento,

se faça

luz e se

enlace com a dela e,

num suave

acontecimento aconteça

 dois beijos

um pro desejo ,

e outro, 

num abraço feito,

pra lá !

Ai, dou bom dia,

ou boa tarde,

com muito raro desprazer!

E termino amuado :

por acaso,

agorinha,

nem sei onde estou.

Nossa bússola, de prazer profundo,

diz que ela está no sul nordeste

e, eu, no fim do mundo.