Conto do Rio Imortal
Olha!
Veja!
A força desse rio, atravessa florestas e vales, vence árvores e pedras;
Em modo lírico é como um formidável espetáculo de ópera: Sapiencia, drama, amores e sangue;
Como tempestade: Raios, trovões, Precipitações e calmarias, a sorte quis quis a desordem: Quase nada reetou!
Como morre um rio?
Se a estiagem e a ação de um agressor a um tão jovem rio não o extinguiu?
Se infiltrou, morou, substituiu o lençol que o prorrompeu, o intoxicou, roubou as primeiras curvas do fio de água que havia;
O Rio continuou, sem forças dividiu-se: uma parte desabou no penhasco, a outra, fez a volta em curso cambaleante, apanhou novamente o fio de água que restava do subjugado e se arrastaram para longe dali;
A Mãe natureza, a tia, a irmã, estavam lá; sabiam da inexperiência e inocência, ensinavam e gritavam: “Faz assim... Não isso...” ocupadas em ensinar, não a protegeram da queda. Talvez eu não tenha aprendido...
Comprei um elixir de ânimo e paciência, esperei e tentei seguir, apenas a dor foi minha amiga, obscura e perigosa, quase me cobrou a vida, me sangrava, mas sentia a vida ali, eu não a via;
Elas não me ensinaram que há troncos e pedras que me represavam, que impediam, não tinha forças para movê-los de minha frente, a dor amiga, falsa mas presente me mantinha em curso. Difícil de explicar;
Como morre um rio?
Se a ação do subjetiva: reação química da ação “desgracenta” e a indiferença caem como um deslizamento sobre seu leito, fatiam em poças, lhe tirando o vigor e ainda assim resta algo parecido com vida.
Um ser se materializou das estrelas, era vigoroso, planos e sortilégios o permeiam, em carícias me jogou por ribanceiras, fez curvas alucinadas, convidou outros semelhantes a pularem nas minhas águas, se banhou, se fartou, esqueci em meio as loucuras convulsas e degeneradas.
A dor da solidão deu lugar a rio sazonal, quebrei divisas, não sabia onde estava, lugares áridos foi me dissecando, e o ser monstruoso não sentia! não perguntava! Só sugava;
Como morre um rio?
Será que realmente nasci?
O que é nascer?
O que é morrer?
Não há sentido!
Vinte e dois anos e cadê o sorriso?
onde está a paz?
Onde está o Rio daquela fotografia? Sorridente, calmo e azul!
Mentiram para mim!
Em pé, na esquina dos escombros, escorada em minha cova profunda, fiquei ao léu olhando: Naturalmente saiu de mim um braço vigoroso e lindo, me encantei, aplainou meus leitos e o tornou navegável, sombras e nuvens me assustam, mas meu curso, de certa forma, tende para alguma direção, dei vida, nutrientes, sou a fenda de onde ela brotou, olhando quadros antigos, vi a bica que eu era, potencial para alagar e formar sistemas perfeitos de um vilarejo, mas, sem tempo, assoreou!
"Pequeno Rio, isso não se repetirá"!
Então, a perfeição é o que me espera! E assim a persigo, oito? Nove? Não! Apenas o gabarito me interessa!
Cansa! Subo aos céus, ou vou aos antigos, seus representantes arriscam a direção, mas nada me descansa... "Já recebi ordens e indicações o bastante, agora quero o gabarito real e palpável"!
Em outras curvas qualquer da sinuosa passagem, uma sereia me tomava: minha beleza entronizava ao cosmo, em transe perfeito e mágico, de dentro de mim emergia um canto, todos os marcianos se viravam para mim, os de Plutão e a Lua minguava, abria meus lábios que ao se tocarem angelicalmente, a milenar Ayahuasca, me beijava, Hypnos, Thanatos e Nyx se deitam comigo regidos pelo Talo de Papoula me fazendo viajar no perfeito que procuro.
Tomada pela Piracema, me obrigo ser as águas do lago da “A Noite Estrelada”, o meu “eu” mais que aceitável cultivo, e o poeta me toma como verso, não quero ser o senso comum, como os que apenas procuram um mar para desaguar;
Por Sandro M S Lino
- Autor: SM Lino ( Offline)
- Publicado: 12 de janeiro de 2024 11:34
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 4
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