Quando chegar a última noite, vamos nos lembrar do Sol
Do calor, da luz, da vida que já foi
a vã alegria encalacrada nos sorrisos amarelos
De gente que só tem sem nem pensar que o amanhã não vem
Quado cair a última arvore, nos lembraremos da sombra
Do piar, do gralhar, do farfalhar das folhas
Então, sem sentido e sem sombra pra sentar
Só o sopro certeiro e soturno a assombrar
Quando evaporar a ultima gota de mar, vamos lembrar das ondas
do frescor, da espuma das bençãos de Iemanjá
E sendo agora o mar sertão, Trizte o caboclo chora
concretizando assim os medos do sonho de outrora.
Quando o último amante descansar, sentiremos falta do amor
Do carinho, da paixão, do aflorar do desejo
E o inverno da indiferença será cruel mesmo aos agasalhadas
pois o agasalho da compaixão já não mais aquecerá
Quando o último ser vivo restar, ele vai lembrar-se da vida
Do Sol, da árvore, do mar e do amor
Agora sem luz, nem sombra, nem frescor nem ardor
Só o ser sendo até não ser mais.
- Autor: Sanitário Masculino (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 4 de janeiro de 2024 08:36
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 10
- Usuários favoritos deste poema: Melancolia...
Comentários1
Que nunca deixemos o último poeta morrer..Assim não existiria textos ótimos como este.
Abraços.
Obrigado irmão. Por mais apocalíptico que pareça, é um dos meus poemas preferidos. E um dos meus medos mais reais.
Curti muito seus post....Continua....
Aplausos.,
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