Negócios de família

Pai, seu velho rabugento!
Para onde você vai carregando esse saco cheio de lamúrias nas costas?
Quem disse que você precisa levar todo esse peso para onde quer que vá?
Foi vovó durante a sua infância de merda?
Foi vovô ao te negar afeto paterno?
Ou terá sido sua ex-esposa quando te colocou um belo par de chifres?
Bem, eu tenho uma ideia melhor:
Jogue as dores do passado na mesma lixeira onde eu acabo de despejar
a aversão que eu sentia por esse seu jeito ranzinza e junte-se a mim
na celebração pela vida que temos hoje

Venha, meu velho pai
Remova esta tão pesada e já enferrujada armadura
Você não precisa permanecer no modo combate o tempo inteiro
Viver também é baixar a guarda e ser vulnerável

E não se preocupe
Ninguém ficará sabendo que, talvez pela primeira vez,
você se permitiu ser você mesmo
Sem freios
Sem receios
Este será o nosso segredo

Meu amado irmão
Não fique de fora da festa
Nós te queremos aqui também
Com toda a sua típica chatice,
que flerta com um falso moralismo cristão
somada a uma insegurança colossal muito bem acobertada
por um senso de superioridade patético e uma necessidade
por controle quase psicótica que te fazem ter o carisma
de um muro de concreto

Venha, meu irmãozinho
Você não será julgado
Prometo manter a minha língua afiada de cobra dentro da boca
Apesar da louca vontade de destilar umas verdades venenosas
em você e ver sua alma petrificar na minha frente
Infelizmente, estamos aqui para sermos pessoas melhores, certo?
Então, sinta-se mais que a vontade para ser essa coisinha quase
insuportável
E eu te aceitarei do jeitinho que você é