Benedito Cardoso

PODERIA

Poderia;

 

Debruçado sobre a folha morta em branco,

Tão quanto a mente que se ressente de palavras;

De novos ares para traçar a primeira linha da pauta,

Em busca de um tema para o seguinte poema.

 

Poderia começar a escrita falando de rios,

De praias, de sol, de lua, de noites, de dias, de flores,

Da beleza das rosas, tão belas e cheirosas.

Dos namorados se enamorando.

Dos jovens e suas juventudes transformando o mundo.

 

Poderia descrever uma criança chorando, sorrindo, correndo,

Brincando no parquinho da praça... caindo, subindo;

Dormindo ao relento sob o papelão molhado.

 

Sejam: enfeitaria o pavão de alegrias os jardins.

 

Poderia.

Mas não gostaria, aliás; não queria falar de partidas,

De dores sofridas, de choros, chorados de angustias, de pavor.

De negros; de brancos...da cor

 

Sem rimas, sem métricas, sem ritmos, sem estéticas.

 

Poderia;

 

Vou parar por aqui em busca de um tema, ficarei confiante e orarei por todos os brancos, negros...pardos...sem raça, sem cor, sem etnia, pronados.

Que continuam lutando, entubados em uti, contra esse mal enfim em cada leito sepse de dor, de hospital. Esperando a boa noticia chegar.

  • Autor: Benedito Cardoso (Offline Offline)
  • Publicado: 2 de Julho de 2020 07:25
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 7


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