POVO SONÂMBULO
Bandeiras partidárias
cartazes ininteligíveis
gritos de ordem
bordões ultrapassados
manifestantes
black blocs
policiais
guardas civis
todos perdidos
divididos
entre palavrões
pedradas e cassetetes.
Militantes manipulados
descartáveis
todos usados
como massa de manobra
entram em frenesi
a boiada estoura
bombas de efeito moral
spray de pimenta
balas de borracha
pedradas
porradas dos dois lados
pichações
depredações
prisões
os urubus de aço
sobrevoam em círculo
registrando a carnifícina
abastecendo a mídia
com o sensacionalismo.
E lá vão eles!
Sonâmbulos manifestantes
marchando a esmo
com os mesmo bordões:
"O povo acordou!"
"Não à corrupção!"
"O povo unido!"
Findas as eleições
o povo se aquieta
e volta a hibernar
a podre farinha
ao saco retorna
todos eleitos
juntos e misturados
no mesmo saco
voltam a roubar.
Autor Benedito Morais de Carvalho (Benê)
Livro: Pra não dizer que só falei de poesia
Scortecci Editora
- Autor: Benedito Morais de Carvalho (Benê) ( Offline)
- Publicado: 16 de dezembro de 2023 10:40
- Categoria: Sociopolítico
- Visualizações: 4
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.