O raio estrondara o meu âmago. Atingira-me com o clarão da lucidez, ocasionando a constatação do chicote engendrado por minha visão turva, levando-me a acusar a irreal malignidade do destino. Clamei assistência, inalcançado por todos os cantos onde minha voz poderia chegar, áspera e ácida. Amei-me como em último ato, desesperada e cálida. Eis que me veio a lembrança do rubor da mocidade. O timbre austero fora ingerido por meu ser insatisfeito e caprichoso. Eis, agora, a plenitude em meu semblante. Eis a chuva fina abençoando-me e suavizando a caminhada. Hoje sinto em meu coração pulsante o entendimento ao me atentar aos sussurros Paternais. Hoje é notório o quanto criança sou devido a tantas lições necessárias ainda por virem. E eis o meu sorriso contínuo e duradouro. Eis cada vento e sopro zelando-me como protetores celestiais. Os machucados não causam mais cicatrizes e sim raízes, erguendo-se e servindo sua rigidez para dar suporte a minha chegada ao céu. Hoje, eis minha entrega, confessando-me ser réu em tudo dito não merecer. Hoje, eis a humildade e não mais vaidade, tendo em meu coração a morada da fé.
- Autor: Emanuele Sloboda (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 1 de julho de 2020 19:31
- Comentário do autor sobre o poema: Poema retirado de meu segundo livro de poemas, Anamnese. (Casa do Escritor|2018)
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 19
Comentários1
Uma ideia fluindo com lucidez em rico vocabulário... Muito bom ler seu texto!
Abraço
Abraço retribuído com gosto de poesia!
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