Fabrício Ribeiro Campos

Românticos

– Extra, extra, um fenômeno acabará que ocorrer, você não soube?

– Um ignorante acaba de se converter.

– Minha nossa, então é verdade.

– E o que ele descobriu?

– O AMOR.

– Eu pensei que fosse uma lenda, então ele ainda existe?

– Ele nunca deixou de existir, há quem acredite na sua existência, há quem diga que nunca o encontrou e há aqueles que sempre o idolatravam, os ditos Românticos.

– Que raça é essa?

– Românticos são uma espécie em extinção, são loucos, loucos de amor para dar. Existem dos mais variados tipos, há aqueles que se expressam por palavras, existem os que fazem serenatas de amor, os que entregam flores e cortejam a pessoa amada e o mais raro dentre todos, aqueles que não tem medo de amar.

– Pobre rapaz, irá morrer antes de todos nós.

– O mundo que vivemos não é um bom habitat para esses ditos Românticos.

– Por que diz isso?

– Basta olhar ao redor e você verá.

– Esclareça, por favor. 

– Pois bem, eu lhe digo, o que vê quando olha aquele homem e aquela mulher sentados em um boteco de esquina logo ali em frente?

– Não há nada de mais, não estão se quer trocando olhares, cada um imerso em sua própria realidade. 

– Espera, outro homem está chegando, que elegante, está carregando um buquê de rosas e uma carta, será?

– Sim, um dos poucos que ainda restam. Apenas observe…

– Que horror, ela o humilhou e ainda jogou as belas flores no chão.

– O que, vistes isso, ainda beijou o outro rapaz que mal trocará um olhar sequer.

– Foram embora.

– Devemos ajudá-lo?

– Pra que, não há sentido para tal ato, um Romântico acabará de morrer e um ignorante acaba de nascer, é a ordem natural das coisas.



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