O tempo
Mãe,
O tempo, implacável, sempre nos manteve separados
Apesar de estarmos juntos todos esses anos
Mesmo que eu siga 100 anos à frente, sinto que não vos alcanço jamais
Sempre me tens como vosso eterno filho
Como sempre me tratastes como um menino
Quando já tinha aprendido a caminhar sozinho em meu pequeno mundo
Tentava acompanhá-la com meus passos de menino, achando que já era grande o bastante
E não conseguia, mesmo correndo com toda minha força.
Um dia você me contou que foi uma exímia corredora lá em Okinawa. Sim, acredito
Estive junto de ti, eu a vi cuidar de mim
Um dia me consolastes, hoje tento consolá-la em vossa dor da velhice e do sofrimento.
Hoje aqui estou
Tão perto de ti, porém tão longe no tempo
Tento acompanhá-la em meu tempo
Estás sempre eternamente à minha frente
Com vossa criança
Vossos passos cansados gravados na terra vermelha
Um dia serão apagados pelo vento, pela chuva
Mas a terei sempre em meu coração
Quero gritar “- Fiques um pouco mais comigo, não se vá!”
Mas o tempo, cruel e implacável, se encarregará de levá-la do meu mundo
Destruindo sua memória, sua força para viver
Sou vosso filho
Fiques mais um pouco comigo,
Um pouco mais,
Um pouco mais, ...
Celso A. Fukuhara
30/10/2009
- Autor: Celso Fukuhara ( Offline)
- Publicado: 19 de outubro de 2023 12:48
- Comentário do autor sobre o poema: Trata-se de um texto que escrevi homenageando minha mãe em 2009, num momento em que ela se encontrava intenada num hospital. Eu estava sentado ao lado dela. Peguei um caderno e criei esse texto num momento de muita tristeza.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 4
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