Isabele Farias

Corpo no caminho

Um corpo, uma vida
Um corpo que respira,
que opina, que sente
Um corpo que pensa
 
Um corpo com atitude
com o direito de viver
Mas que aos olhos de alguns
não passa de um empecilho
 
Uma pedra no caminho
sem a pedra, mas sim um corpo
Um corpo que dele tiram
todo o direito de humanidade
 
Um corpo que sonha,
que ama, que sofre, que
sente o peso do problema
de ser um peso morto
 
Um problema para si mesmo
Pois para os outros é só uma pedra
Que não é pedra, e sim um corpo
Um corpo que não faz diferença
 
Mas que queria tanto fazer
Mudar o mundo por simples atos
Fazendo o bem sem cobrar ninguém
Mas esse direito foi lhe tirado também
 
A diferença, não de diminuir,
e muito menos de aumentar
A falta de diferença, é de ser neutro
Tão neutro que chega a não existir
 
Mas o corpo existe, ele
está ali, ele respira, ele
sente, ele vive, vive para si
Pois para os outros ele só existe
 
Será que existe?
Será que vive?
Ele existe, ele vive
Vive sem existir
e existe sem viver
 
Depende do ponto de vista
Se for do próprio: existe e vive
Se for de alguns: apenas existe
Mas o da maioria é nenhum dos dois
 
Pois como disse, é um corpo neutro
Tão neutro que chega a ser inexistente
Não faz diferença, tão indiferente
que chega a ser tóxico para si
 
Essa indiferença e neutralidade
de ser incapaz e tão inútil, de
ser apenas uma pedra no caminho
que ao invés da pedra é um corpo vazio
 
Isso tudo o afeta tanto que ele nem
sabe mais o que é para si ; é a falta de
“ser” que o mata dentro para fora
E ele acabará por não viver nem existir

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  • Autor: Isabele Farias (Offline Offline)
  • Publicado: 28 de Junho de 2020 19:25
  • Comentário do autor sobre o poema: Bom, esse poema usa metáforas bem melancólicas, portanto nao deixa de contar uma história: a história de uma pessoa que se sente/sentiu um corpo/ser invisível pros outros.
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 14
  • Usuário favorito deste poema: Ernane Bernardo.

Comentários1

  • Ernane Bernardo

    Belo, bem meu estilo, parabéns, poetisa Isabele.

    Abraços



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