por que eu estou perdendo o tempo que nem tenho? 

por que estou deixando o vento levantar as asas da esperança que desisti de encontrar? 

por que não ajo nem reajo? 

por que esta inércia na confusão de pensamentos que me desnorteiam? 

por que esta inaptidão em viver sobrevivendo à vida? 

por que sonhos incapazes de se realizarem me abatem?

por que a cabeça ainda erguida à procura da saída para apenas ser? 

por que a estrada incauta, o carro em alta velocidade, a alma inquieta e o coração a resistir? 

POR QUÊ?
PRA QUÊ?

e ela volta a me abraçar sorrateira, por trás… 

coloca suas mãos sobre minha boca e venda meus olhos…   

– o ar está tóxico! não consigo respirar! 

ela aperta minhas costelas e quase ouço meu espírito se quebrar… 

e eis que mais uma vez
aquela figura esplêndida sussurra dentro de mim:

- Levante-se! Você já conhece este filme…  Levante-se! Desvencilhe-se dos braços que sufocam o seu sentir. Vem! Levante-se! Apenas confie em mim… 

Tremendo, temendo, eu vou… 

não sem força 
não sem esforço 
não sem luta
não sem ferida
… 

– desculpe-me, ansiedade, desta vez eu não preciso de você… 

porque HOJE
APENAS hoje
AGORA
neste infinito INSTANTE 
eu decido VIVER!