A ROSA
Eu vivi pra ver
Sorriso apagar.
Eu senti tanta mão gelar.
Num espirro
Num sopro
Eu vivi pra ver
A taça quebrar.
Invisível que é
A flor perigosa
Fechando a boca
De quem queria beijar.
Eu vivi pra ver
O silêncio chorando
Os sopros saindo dos corpos
E os corpos gelando
sem poder se abraçar.
Eu vi a dança de máquinas
Talhando o solo
Sem rito
Sem grito
Ao som do motor
Que parecia chorar.
A vivi pra ver
A flor venenosa
Que não era a rosa de Hiroshima
Nem a rosa da rosa de em "Nome da Rosa"
Eu vivi pra ver
A rosa que não era rosa
A rosa que nenhum jardim
pode ter
Mas dela saiu outras rosas
Sem olor
Sem perfume
Tanto mais perigosas
Eu vivi pra ver essas rosas.!
Comentários1
Que belo poema, poeta Carlos Lucena! Falou da rosa com propriedade. Gostei demais das referências (Humberto Eco, Vinícius de Moraes...)
Excelente dia!
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