Um fado português
Um uísque escocês
Um cigarro polonês
Uma vida de insensatez
Foi tua tez
Que me fez
Ver uma vez
Aquela ex
Procuro em miúdos
Encontrar os segundos
Perdidos nos minutos
Deitado em teu mundo
Vislumbro a verdade
Nesta mesma cidade
Dos encontros da mocidade
Só me resta a saudade
Procuro nos poemas de Vinicius
Desculpas para meus vícios
Não achei em seus resquícios
Respostas para esquisitices.
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Autor:
Bernardo Soares (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 30 de março de 2020 03:39
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 5
Comentários1
O teu poema fez-me lembrar um de Camões que versa assim:
Aquela cativa,
que me tem cativo
porque nela vivo,
já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
em suaves molhos,
que para meus olhos
fosse mais fermosa.
Nem no campo flores,
nem no céu estrelas
me parecem belas
como os meus amores.
Rosto singular,
olhos sossegados,
pretos e cansados,
mas não de matar.
Uma graça viva,
que neles lhe mora,
para ser senhora
de quem é cativa.
Pretos os cabelos,
onde o povo vão
perde opinião
que os louros são belos.
Pretidão de Amor,
tão doce a figura,
que a neve lhe jura
que trocara a cor.
Leda mansidão
que o siso acompanha;
bem parece estranha,
mas bárbara não.
Presença serena
que a tormenta amansa;
nela, enfim, descansa
toda a minha pena.
Esta é a cativa
que me tem cativo.
E pois nela vivo,
é força que viva.
Luís de Camões
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