-- Filho, sei que me tem achado

chato um bocado.

Tenho sido

aos seus olhos, um pai durão,

algo parecido

com um carrasco, um ser insensível,

de endurecido coração.

Não me queira mal. Não quero

ser fútil e obscuro.

O que desejo e espero

conseguir , é prepara-lo para vida

que é dura pra quem é mole,

orienta-lo a seguir o trilho

do bom caminho.

Um dia, há de compreender

e me agradecer

por eu agir assim :

às vezes asparo, às vezes duro

e ríspido com você.

Isso, porque quero

mostrar-lhe o mundo

pelo verdadeiro prisma.

Não um mar de rosas pré-concebido,

um mundo de fantasias e quimeras,

um mundo de encantos primaveris.

Mostrar-lhe-ei, outrossim,

a realidade dura e crua da vida

que afasta a permissividade

de um pai, que embora pareça

agir corretamente e ser bonzinho,

sem o perceber,

tanto mal faz ao filho,

ao passar-lhe a mão pela cabeça

quando pratica algo errado.

— Filho, não me queira mal!