sou um tempo
no tempo onde tudo é possível
e nada pode dar errado
sou a chave que abre
as portas que ainda nem existem
sou o relógio da vida
em constante contraste
em pleno vigor
da luz que ainda
nem sequer iluminou
sou a busca indecisa
da certeza duvidosa
de onde se tiram largas passadas
de um futuro presente
quase sempre aqui
sou o que observa
aquilo que é observado
enquanto se deixa ser visto
por quase todos os lados
sou a realidade invisível
dos panos que nunca chegaram
a secar sequer as mãos úmidas
da clara escuridão indizível
sou as pernas quebradas
nas mãos do viajor
que vive dentro da casa
em pânico, em pavor
sou o tudo do nada despido
vestido com vestes nuas
imaginando destinos possíveis
enquanto dorme na rua
sou o pastor desorientado
que encontra o monte ao longe
e persegue sem estrada
o destino que se esconde
sou a aversão do avesso
sem quedas, sem acertos
sem vilões e sem tropeços
sou o calor gélido
dos dedos que dançam parados
das mentes que pensam exaustas
dos seios que arfam silentes
das malas, das faunas, das alças
(publicado pela Editora Tertúlias na Coletânea Tertúlias em Poemas)
- Autor: noi soul ( Offline)
- Publicado: 8 de agosto de 2023 16:37
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 5
Comentários1
Belas antíteses e lapidação bem feita dos versos com outras figuras imageticas,levando o leitor ao teu jardim belo e oloroso. Aplausos de pé!
Muito grata, querida Poesia! Um abraço 🙂
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