Carlos Lucena

SÉQUITOS E EXÉRCITOS

SÉQUITOS E EXÉRCITOS 

Eu sou a mão que bate no peito
Eu sou a dor do que não foi feito
Eu sou a dor do que foi desfeito.
Eu sou de longe 
e venho peregrino
Sou sem manhã
Sou noite sem destino!
Reguei as flores 
todas destruídas
Plantei sementes  
todas já sem vidas!
Eu venho de longe
Já faz muito tempo
Mas os fuzis ainda permanecem
Não mais com fogo
Nem com  chibatas prontas
Mas com o veneno
Que ninguém merece
Deixando as almas
Atordoadas e tontas.
Hoje tem rosas, 
ramalhetes e flores 
Mas seu perfume 
não esconde as dores!
Já não há fileiras 
e nem há séquitos
Nem há canhões 
frente aos exércitos.
Mudou-se os rostos
Há novas meninas
Mesmo tão belas
Mesmo tão divinas
Mas as gravatas
Presas nos pescoços
Amarram o osso 
de velhas oficinas.
Mudou-se o curso
Desviou percurso
Os fuzis já não são banais
Há tantas coisas 
que não se vê mais
Mas tantas outras 
continuam iguais!

  • Autor: Carlos (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 6 de Agosto de 2023 23:27
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 3


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.