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Abusam de mim por ser tonto.
Perguntam o que me fez assim.
Por que estou sempre sorrindo?
Por sorrir, chamam-me de tonto.
Quando falo, machucam-me.
Pensam que, por ser tonto,
mereço ficar calado o dia inteiro.
Por que você não para de falar?
Olham feio para mim por ser tonto.
Perguntam se viverei assim sempre.
Viverá para sempre como um tonto?
Por ser tonto, não respondo.
Evitam brincar comigo porque sou tonto.
Você não vai chutar a bola dentro do gol errado?
Por ser tonto, eu acho que vou errar se chutar.
Brinco com meu amigo-afiado, ele está no meu estojo.
Meu amigo tem um corpo afiado.
Quando meu amigo me toca, ele me fere;
Por ser tonto, eu não me importo.
Abraço meu amigo, pois amo ele.
A única coisa que me mantém vivo é o meu amigo;
Ele disse que sempre vai me amar.
Quando abraço meu amigo, acho lindo;
O chão fica cheio de tinta bonita.
Como sou tonto, deixo a tinta me melar.
A tinta é carmesim; a tinta é linda.
Eu observo meu amigo me pintando.
Agora sou todo carmesim, que belo.
Meu amigo me disse para fechar os olhos e sonhar,
Pois o abraço dele irá me confortar para sempre.
Como sou tonto, me imaginei em um bosque colorido;
Quem sabe um bosque só de pessoas tontas.
- Autor: victoremmanuel ( Online)
- Publicado: 3 de agosto de 2023 03:23
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 9
Comentários1
Muito bom! As vezes me sinto assim (tonto) como o fiel escudeiro do Zorro.
Abraços!
Eu também me sinto tonto de vez em quando.
Nesse poema o eu-lírico é uma criança, o amigo-afiado é um objeto cortante.
O eu-lírico abraçou o amigo por conta das frustrações.
A tinta carmesim é sangue.
E o bosque de pessoas tontas é o último sonho dele, antes de partir.
É um o poema mais pesado que já fiz...
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