Tudo como se fosse novo:
a palha, o rústico, a forma.
Tudo como se fosse de uma vez
só:
o breu, o cáustico, a solda.
Lampeja: você se envolve e
quando acorda
não percebe
a perca de seu vôo.
Você planeja sua vida em
ritmo de aluguel.
rende mais sal do que
o pleno açúcar.
Depois, não vá rastejar:
o chão é bruto,
não tem ângulo,
você é a forma
sem conteúdo!
Dá de lá, pega daqui,
tudo numa rifa infernal,
onde as coisas do coração
ficam especiais,
lentas e sombreras.
Se você quer ser você
já não pode, porque o
vazio já tomou
seu lugar.
E se você é o anfitrião da dor,
menos mal.
A fruta não sola a terra,
o sol não vinga sua força,
a sombra reina soberana:
em sua última peça.
Tratado do sol e do nó,
arguto sistema de nós dois.
Quando você partiu
nos deixou, só
e abriu uma avenida de vazio.
Mas se a vida vale alguma coisa,
mais vale sem você.
Fica tudo vazio,
sem bordas,
chameado de
falsa sinceridade:
é troco enganado,
é voz engasgada,
é muro de pedra.
Assim, pra te alcançar outra
vez,
só mesmo da outra vez,
quando o mundo cansar
de dar voltas,
e parar de repente.
Ai será a volta
do reino canelado
na minha vida
já tão amargurada!
A solda arde,
o sol queima,
a saudade é faina e dor
e o amor entrou ríspido
por uma porta
e saiu por outra.
- Autor: Jose Kappel ( Offline)
- Publicado: 25 de julho de 2023 09:03
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 5
Comentários1
Muito bom seu poema.
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