O observador

No topo da gélida e sombria montanha de incertezas,
que te sobrecarrega com um enorme peso sobre o peito,
Eu, o impassível Observador, assisto à sua épica busca
pelo conhecimento disponível somente através de mim,
após ter o privilégio de testemunhar a aurora do tempo
e a mais pura prova de amor do Supremo aos mortais:
a semeadura de uma ínfima parte do Absoluto germinada
na consciência humana

Um pequeno deslize, um passo em falso ao escalar o monte,
e você cairá no precipício de ilusões que confundirão
seus princípios
Portanto, para jamais esquecer o que te trouxe até esta jornada,
marque estas palavras profundamente, de modo
a perfurarem tua carne e garantirem a moral exigida
para prosseguir lutando mesmo após o perecimento do seu corpo:

Daqui de cima, minha atenção está sempre voltada
às duras batalhas constantemente travadas por você
contra as feras que habitam a montanha
Não tremas! Você não está sozinho, pois eu sou
a firmeza da terra sob teus pés e o ar que te
mantém vivo!

Vitórias e derrotas são como as abundantes e
insignificantes pedras que encontrarás no caminho
Carregá-las contigo durante a subida
dificultará tua ascensão até mim
O cume pertence aos alpinistas leves!

Então, quando finalmente nos encontrarmos
na crista da cordilheira dos redimidos,
seremos apenas um em uma união
sacralizada pelo banho dourado do sol,
e verás como o medo não passa de uma
sombra projetada por nós mesmos