Por entre espinhos
De mandacarus e juazeiros
Ali debaixo do umbuzeiro
Entre bilros e rendas
Foi ali que surgiu a lenda
Da caboclinha esperançosa
Bonitinha e caprichosa
Cheirosa
Se enfeitando como prenda.
Esperando silenciosa
E por toda a vida
Esperou debaixo do pé de flor
Com uma paciência avexada
Em uma quimera distraída
Que surgisse na encruzilhada
Um amor, um grande amor
Surgindo naquela terra maltratada
Desfolhando margaridas
Com o olhar miúdo e apertado
Um buscar longo
Inalcançado
Vasculhando a paisagem
Ouvia histórias e contos de forasteiros
E suas viagens
Desejava tanto e tanto
Ali sentada
Agoniada por visagens
De um amor verdadeiro
Que não havia homem solteiro
Viajante ou vaqueiro
Que não soubesse da sua lenda
Ou visitasse sua tenda.
E toda vez que o mandacaru butava flor
E a chuva chegava
Vinha a esperança da floração do seu amor
Sonhando que ele chegasse
De noite, como uma chuva de açoite
Ou aparição de um beija-flor.
Tantas secas sucedidas
Estiagens prolongadas
E nada mudando em sua vida
Até que naquela manhã inesperada
Um vaqueiro numa montaria vistosa
Chapéu de coro, perneira e gibão
Apeou, e se achegou
Puxando prosa.
Ela, um baticum no coração
Tímida com a súbita aparição
Vermelha viva como uma rosa
De forma carinhosa estendeu a sua mão
E debaixo daquela árvore frondosa
Se abriu a flor do sertão...
- Autor: Vênus (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 26 de junho de 2023 23:12
- Categoria: Amor
- Visualizações: 5
- Usuários favoritos deste poema: Lia Graccho Dutra
Comentários2
Que bela história, e virou poesia!
Abraços!
Obrigado poeta. Homenagem a musa que gerou este poema. Infelizmente nos deixou na semana passada muito precocemente. A vontade de Deus.
Que poética linda,
Marçal.
Versos redondinhos.
Palmas , poeta!
Saudações poéticas,
Lia
Obrigado poetisa. Muito obrigado.
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.