joaquim cesario de mello

A ÚLTIMA CEIA

 


Que me desculpem os ausentes
mas não vou ao meu último jantar

Podem comer sozinhos
fiquem bem à vontade
façam de conta que estou
presente na cadeira vazia
que estou reservado a me sentar

Não me esperem pontualidades
agendas, obrigações ou compromissos 
pois não sou de olhar em relógios
as agulhas do tempo passar 
nem faço promessas ao destino
que sequer sei em qual esquina 
vou a contragosto por fim encontrar

Por favor não fiquem chateados
com esse meu eventual desaparecimento
reconheço que não fui assim tão educado
mas ele será tão somente breve e temporário
e por enquanto me entendam
que não estou com nenhuma fome
ou com a mínima vontade e anseio
de junto com vocês logo cear

Que fiquemos então assim combinados
quando quiser noturnal e mais adiante
de eternidades me empanturrar
vou ao rol dos meus sumidos
e a todos vocês irei convidar

Porém
por agora e no momento
apenas me deixem aqui no meu canto sossegado
banqueteando-me desacompanhado com as memórias
que sei que em alguma mesa irei reencontrar

 

Comentários2

  • SANTO VANDINHO

    Reflexivo e engraçado poema ! Paz e Bem poeta !

  • Sergio Neves

    SERGIO NEVES - ...outro mui belo escrito da tua lavra...,...há muita profundidade emotiva no que versas...,...pode até não ter sido a intenção, mas, percebi que dá margem a algumas interpretações, mas, seriam interpretações que, "no frigir dos ovos", por paradoxal que possa parecer, convergeriam para um mesmo sentido...,...enfim...,...profundo, reflexivo, poético, bonito! /// Abçs.

    • joaquim cesario de mello

      Um bom texto, para mim, Sérgio, é aquele que se revela sem se revelar, dando, assim, espaço e margem A interpretações várias. Caso queira expor aqui a tua, seria por demais interessante e interativamente rico



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