Nos embalos da impermanência

O eremita invisível

Me perdoe pela hipocrisia
impulsionando-me a iniciar
uma terceira guerra mundial agora,
só para voltar a dar valor,
em meio as ruínas do amanhã,
a paz que sempre se faz presente

Eu sou incapaz de traçar uma
rota alternativa a bifurcação
que nos conduz aos velhos conhecidos caminhos       
dicotômicos: bom e mau, certo e errado,
vida e morte, etc

Uma vez entediado com a tão almejada
rotina pacata e ordeira, onde tudo
torna-se previsível e monótono como
uma balada romântica chiclete dos anos 80,
naturalmente, me jogo de corpo e alma na completa
loucura de um jazz experimental obscuro sem pé nem
cabeça, danoso a minha sanidade mental,
apenas para ter a sensação de que o mundo girou,
mas o disco também mudou

Embalado pela tranquilidade do ritmo lento,
desejo a frenética agitação sensorial
Perdido na dissonância alucinante,
clamo aos céus pela relaxante harmonia

E neste espetáculo da impermanência,
a constante insatisfação me faz dançar,
cair, chorar, sorrir, festejar e reclamar
Às vezes sozinho, às vezes acompanhado,
mas o show não pode parar

  • Autor: O eremita invisível (Offline Offline)
  • Publicado: 17 de maio de 2023 11:11
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 10


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