...a parede do quarto é uma lápide amedrontada

desafiando o tempo,

Curvando-se ante as noites malfadadas

dos meus pesadelos.

Guardando meu túmulo sensorial

atrás de uma nuvem crédula a esconder a lua,

Onde pode-se ler as frases

que em meu peito ficarão guardadas,

Qual carícia circunstancial descrita ainda flutua,

Revolvendo seus cabelos...

 

Pude, ao abrir minhas mãos,

antecipar seus afagos,

Tocando em seus pelos

como se tocasse as cordas do meu violão.

Onde a canção adula os ouvidos,

e convida a alma a dançar,

Uma música que não é melodiosa,

como o nascer desse dia,

Mas, que se parece com a sua voz,

Dedicada a afastar meus medos,

 

Para preencher-me com a alegria

de seu despertar em meus segredos.

Onde o desejo é uma quimera

desprovida de maldade,

Que detém seu olho apregoado de saudade,

Ao pressentir seu corpo sob o vestido,

como uma flor em sutis relevos,

E tenras e doces ranhuras,

Capaz de fazer compreender seu sentido,

Na mais tenebrosa das noites,

na mais dolorida das dores,

 

Com suas pálpebras semicerradas,

A esconder de seus lindos olhos

as minhas cores,

Nesse permear estapafúrdio

de tão imenso e comprido,

A passear momentaneamente pela minha insensatez,

Detentora de uma paixão,

Num poema sofrido,

Complacente com o tom melancólico

de sua lembrança,

Ouvindo-te cantar com os grilos e as esperanças,

As tênues dúvidas que essas paragens

trazem ao meu descompassado coração.