Doce Deixo de Ser

Jose Kappel

 

 

São ramos
tortos
que enfeiam
a flor.

 

Minhas dores
são feitas de cor
azeda.


Coisa que ninguém
se atreve a provar.

 

E se provam do amargo,
doce deixo de ser.

 

E se passo,passo ao largo,
coisa de homem comum,
coroado de espinhos
do invisível.


Onde ninguém vê,
ninguém sabe!

 

Já fui pra não voltar,
já cheguei pra nunca sair.


Homem valente e amoroso
de duas portas!

 

Mas a porta bate duas
vezes,
cercada de som opaco;
se vai, sou eu,
se fica, fico sem ninguém,
com desdém e lágrimas.

 

Se parti,
foi um dia

sem cores.


No passado que não
tem nem mais nome.

 

Agora, me perdi no tempo,
já fui pro largo
dos desaparecidos
em plena vida !

 

E se é por pedir,
todo mundo pede:

volta, minha vida,
eu só sinto
dor!


E lá longe, me sinto

fraco e sem sentido,

pois
vivo com entreveros

dos que também
já se foram,

aventados por uma leve

brisa de amor,

cobertos por mantos

de eternidade

  • Autor: Jose Kappel (Offline Offline)
  • Publicado: 22 de abril de 2023 06:28
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 6
Comentários +

Comentários2

  • Shmuel

    ..."Minhas dores
    são feitas de cor
    azeda"...

    Adorei a linguagem poética!

    Abraços,

  • Lia Graccho Dutra

    “ aventados por uma leve
    brisa de amor,
    cobertos por mantos
    de eternidade.”
    Versos fortes
    e marcantes!
    Parabéns,
    poeta
    Jose Kappel!


    Um abraço,
    Lia



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