'TEMPLO NO AR'

Aceitas ser minha musa...?!
Para me ajudar a escrever mais esse poema!
'Te escrever', desenhar, tentar mensurar, escandir, esculpir, explicar, definir!
Para que esse simples poema também seja lindo, cheio de amor e fascinante
tomando emprestado o seu esplendor!
Minha musa inspiradora só por algumas horas... se tiver um tempinho, 'emprestada de um noivo ou marido', 
só por esse poema e o tempo que levar a sua leitura?!
Para protagonizar um soneto mais que perfeito e com um longo vestido 
como 'pano de fundo', rotunda do nosso sarau!
Minha musa, musa minha...'Terpsícore' rodopiante, de passo firme e elegante, uniformizada bacante, de Baco, 
Balzac ou debutante a caminho 'do Carmela'!
Ou nua, 'de Milo', 'pigmaleoa', felina, numa mistura de 'Cípria com Iemanjá'... 
Para me ajudar a esquecer o quão pode ser feia essa realidade que tenho que encarar!
Para me fazer lembrar de outros deuses ao olhar para o céu, de sereias num mar de rosas...
Para me fazer acreditar no poder do amor e que um sonho(mesmo impossível) possa se realizar!
Musa dos sonhos, por uma noite e só por um dia o tornando mais belo e eterno em seu tempo de duração?!
Mulher-anjo que habitaria o céu da boca, 'quarto céu' e 'quinto dos infernos de amar'; 
de onde mina o desejo e para onde se arrebata ao beijo mais ardente e 'al dente'! 
Musa desse amor... para me fazer de bobo e alegre e amar de forma incondicional e independente 
de ser ou não ser amado, e 'amar' ser a questão!
Cuja beleza é uma obra, um capricho e 'diabrura' desses outros deuses me tentando a cair de paixão!
Musa ou 'aparição', miragem ou meu 'elisangelho' no meio desse deserto em meio a esse multidão!
Uma linda musa desgarrada do rebanho de Apolo, que corra livre como esses versos e com outras ninfas e ninfetas 
'alimentadas com punhetas' de sátiros por elas mesmas 'ordenhados'!
Para se ser minha musa basta me sorrir e assim se manter 'posando' sem sair do meu pensamento!
Basta ser você, sem 'filtro', basta existir, 'existais pas' ou nem isso, me bastando 'te idealizar'!
Não vai doer nada, mas corro o risco de morrer de amor!
Como poeta não posso te oferecer muito, além de uma metade da lua ou a mesma cheia... a 'escritura do mundo' se Deus me permitir, 
uma simples serenata, o tesouro que houver além dum arco-íris... o que Adélia desdenhou, o meu melhor, ou uma vida vagabunda que só você pode transformar! 
Que tal...?!
Mas se não aceitares, serás minha musa mesmo assim, mesmo não sendo 'minha', mesmo que nem saibas ou 'esteja afim'... 'não depende de mim'!
Habitarás um templo que construirei no ar ao lado de algum astro que possa conspirar e de mera poesia se farias real e para 'me realizar'!

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