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Me escute, escute-me

Como se fosse seu último momento, seu último segundo
Vivendo, dançando, correndo, como seria? Como você diria?
Eu estou tão fundo, com um sono tão intenso, que parece que nem vou respirar
Então me escute, escute-me, bote o ouvido no meu coração e entenda

Escrivão, escrita, letra por letra, lucidez por ilucidez 
Porta trancada, janela mais quebrada, casa em desconstrução, mente em transfusão 
A partir do momento que a música entra em meu sistema nervoso, tem uma única sensação 
Como um vício, mais viciante que sentimentos, mais viciante que meus próprios sentimentos 

Lá eu posso entender, lá eu posso fugir, posso enfrentar, posso não ser eu, minha mente afunda, afunda, afunda demais e demais
A corrida está dentro do meu coração, para ver quem sobrevive a própria solidão 
Falam que eu sou estranho, faço piadas com minha própria tristeza ou coisa do tipo, mas, isso é o que me faz poeta
Mesmo que você fuja de si mesmo, fale que apenas tem razão dentro do seu cérebro, é pura mentira, não tente ser maior dos que os outros, não tente agir como um professor em uma aula

Como uma bola de neve rolando em um colchão 
Sim, sim, é verdade, não, não, é mentira, duas linhas que cortam o início e o fim
Então relaxe, ache o cano, ache o escape, ache a gasolina, encontre o carro
Dirigindo até o amanhacer, sem padecer, sem me entristecer, sem entender

Ponha a mão no meu coração, sinta minhas artérias pedindo por mais
Sim, poeta, sim, vida bela, sim, verdadeira imensidão 
A cruz que carrego é só minha, a vida que levo é só minha, eu trilho, eu caminho, eu caio, eu também choro e nem por isso deixo de ser quem sou
Não ponha medo, não fale o que você não é, mentir para si mesmo é meio feio sabia?

Errei novamente, mas, e daí? Não sou perfeito, até tento, mas, não sou
Escute-me, me escute, controle o descontrole, ligue o que está desligado
Mescle o não mesclado, encontre o impossível, mostre a realidade, me escute, escute-me, a música continua e a vida também 

  • Autor: Lucas F. (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 11 de Abril de 2023 21:14
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 16

Comentários1

  • Rafael Marinho

    Que poema genial. O jeito que você conversa com o leitor é incrível. O poema tem um ritmo ágil, porque as frases são curtas, o que ajuda a construir uma conversa. Um eu lírico sincero e decidido que dá vários comandos para a pessoa com que ele está falando, que talvez seja ele mesmo ou outra pessoa que se identifique com que ele está falando. Eu me identifiquei muito. A alusão a música como acolhedora, como capaz de nos fazer mergulhar em nós mesmos é muito boa. Ela é retomada no final de um jeito que me causou um impacto de pensar "Isso foi incrível!". Amei a parte "Ponha a mão no meu coração, sinta minhas artérias pedindo por mais ... vida bela". E com certeza, o final! " [...] controle o descontrole, ligue o que está desligado, mescle o não mesclado, encontre o impossível, mostre a realidade, me escute, a música continua e a vida também"! Parabéns!

    • LF Text

      Fico muito feliz com a sua análise, gosto de fazer poemas como se estivesse conversando com a pessoa do outro lado, seu comentário me deixa orgulho de escrever. Muito obrigado por ler



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